/

Taxa de Câmbio de Equilíbrio

Setor Externo

O que é

O Câmbio de Equilíbrio por PPC é a taxa teórica de USD/BRL que igualaria o poder de compra entre Brasil e EUA. Ao comparar o câmbio observado com o câmbio de equilíbrio, medimos o desvio cambial:

  • USD/BRL > PPC → real “barato” (depreciado vs. paridade), ganho de competitividade externa, maior risco de repasse para preços.
  • USD/BRL < PPC → real “caro” (apreciado vs. paridade), perda de competitividade, alívio de inflação de bens transacionáveis.

O PPC evolui com diferenciais de inflação entre as economias; choques de termos de troca, risco-país e política monetária explicam desvios persistentes.

Interpretação
  • Desvio positivo persistente (real depreciado vs. PPC): exportações favorecidas e encarecimento de importados; maior atenção ao pass-through.
  • Desvio negativo (real apreciado vs. PPC): boom de importados, desinflação de tradables, pressão competitiva sobre manufaturas locais.
  • Leitura ampla: PPC é “ancora lenta”; o preço à vista reflete ciclos de confiança, risco e liquidez. Desvios longos tendem a se reverter quando o preço do dinheiro e o risco mudam.
Análise

Episódios-chave (1999–2025)

  • Superdepreciação 2002: out/2002, USD/BRL ~3,65 vs PPC ~2,02 → ~+81% acima da paridade (pico de risco e incerteza).
  • Superapreciação 2011: abr/2011, USD/BRL ~1,58 vs PPC ~2,78 → ~−43% (real muito valorizado; boom de importados).
  • Choque 2015–2016: set/2015, ~3,95 vs ~3,47 → ~+14%; 2016 alterna alívio e reprecificação.
  • Pandemia 2020: out/2020, ~5,74 vs ~3,94 → ~+46% (real muito depreciado, prêmio de risco elevado).
  • 2022–2023: set/2022, ~5,42 vs ~4,05 → ~+34%; dez/2023, ~4,85 vs ~4,14 → ~+17% (desvio diminui, mas permanece).
  • 2014–2025 (tendência PPC): o PPC sobe gradualmente de ~3,13 (2014) para ~4,27 (2025), refletindo diferencial de inflação/estrutural.

A despeito da melhora do risco-país em 2025 (CDS em queda), o real ainda segue mais depreciado que a paridade. Isso sugere que o mercado precifica uma combinação de: prêmio fiscal, juros domésticos altos com crescimento fraco e sensibilidade a termos de troca.