O que é
As intervenções do Banco Central no mercado de câmbio correspondem às operações em dólar à vista (spot) e em contratos a termo (forwards), usadas para reduzir a volatilidade excessiva do real.
Valores negativos indicam venda de dólares pelo Bacen, retirando reservas ou posição de hedge. Valores positivos indicam compra de dólares, aumentando reservas ou recompondo posição.
Interpretação
Venda de dólares: sinal de pressão cambial, quando o real se deprecia e o Bacen atua para suavizar.
Compra de dólares: tende a ocorrer em momentos de entrada de fluxo externo, quando o real se valoriza.
Essas operações não mudam fundamentos fiscais, mas afetam expectativas no curto prazo e podem alterar a dinâmica de risco cambial.
Análise
Episódios recentes (2020 → 2025)
- Mar–Abr/2020: vendas de US$ 10,7 bi e US$ 6,6 bi no auge da crise da pandemia, para conter disparada do dólar.
- Out/2021 e Dez/2021: novas intervenções (~US$ 0,5–4,8 bi) em contexto de incerteza fiscal.
- Abr/2022: venda modesta de ~US$ 571 mi.
- Set/2024: intervenção de US$ 1,5 bi, seguida por US$ 19,7 bi em dez/2024, a maior do período — resposta a forte pressão cambial.
- Jan/2025: venda de ~US$ 1,8 bi.
- Jun/2025: nova venda de ~US$ 1,0 bi.
Leitura
Entre 2020 e 2025, o Bacen realizou poucos, mas relevantes episódios de intervenção. Os destaques foram a pandemia (2020) e a crise cambial de fim de 2024, com vendas recordes de quase US$ 20 bi em um único mês.
Isso mostra que o Brasil adota postura de intervenção pontual, entrando no mercado apenas em momentos de estresse. O nível das intervenções é, portanto, um indicador de risco cambial imediato: quanto maiores e mais frequentes, maior a percepção de fragilidade da moeda.