/

Inflação Real - (Variação M2)

Monetário

O que é

A Inflação Real – ΔM2 (12m %) mede a variação em 12 meses do agregado monetário amplo M2. Na ótica austríaca, inflação = expansão monetária, e não apenas o aumento de preços observado.

ΔM2 é, portanto, um termômetro antecipador da intensidade do ciclo de crédito e do risco de boom/bust.

Interpretação
  • 🔎 Transmissão para preços (com defasagem): a expansão monetária tende eventualmente a se traduzir em aumento de preços, mas não de modo uniforme nem simultâneo. O processo é heterogêneo por setor e ao longo do tempo.
  • 🏦 Heterogeneidade (efeitos de Cantillon): quem recebe o novo dinheiro primeiro (setor público, crédito direcionado, mercados de ativos) gasta antes que os preços se ajustem, alterando preços relativos. Bens negociáveis, ativos e insumos sensíveis a câmbio/commodities tendem a reagir antes; salários e serviços regulados reagem depois.
  • 🌍 Faixas-guia: ΔM2 > 15% a.a. costuma alimentar booms e pressões futuras em preços/ativos; ΔM2 de 8–12% é moderado; ΔM2 < 5–6% sugere aperto e risco de ajuste (bust).

Implicações principais:
Curto prazo: alta de ativos e setores “early receivers”, compressão artificial de prêmios, incentivos a projetos longos.
Médio prazo: repasse gradual a preços ao consumidor, erosão de salários reais e poupança, elevação de prêmios de risco.
Longo prazo: misalocação de capital e necessidade de ajuste quando a expansão desacelera.

Análise

Evolução recente (2020–2025)

  • 2020: ΔM2 atingiu ~31% a.a. (out) com estímulos, deflagrando um ciclo forte de crédito e valorização de ativos.
  • 2021–2022: desaceleração parcial seguida de nova alta (pico ~18% a.a. em 2022), sustentando pressões em preços com defasagem.
  • 2023: patamar ainda elevado (≈16–19%), mantendo inércia inflacionária ampla.
  • 2024–2025: moderação clara; de ~12,8% (dez/24) para 10,38% (jun/25). Sinal de arrefecimento do impulso monetário.

o Brasil ainda registra expansão monetária de dois dígitos. Isso significa que o impulso inflacionário segue presente, ainda que menor que o de 2020–22. A desaceleração reduz pressões imediatas, mas os níveis permanecem muito acima do ideal para estabilidade de preços e sustentabilidade de longo prazo.

Leitura estrutural (longo prazo) 🏦

O salto de 2020–22 distorceu a estrutura de capital, favorecendo projetos longos e consumo antecipado. Agora, com ΔM2 mais baixo, a “maré” recua e expõe malinvestments, obrigando realocação. Implicações: prêmio de prazo e de risco mais altos, preferência temporal elevada do Estado (via déficits) pressionando juros reais, e tendência a indexação informal de contratos/salários para proteger renda.

Carregando…