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Dívida do governo geral (% PIB)

Fiscal

O que é

A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) corresponde ao total de passivos do setor público não financeiro (União, estados, municípios e INSS), sem considerar os ativos financeiros que o governo possa deter. É expressa como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), permitindo avaliar o peso relativo da dívida em relação ao tamanho da economia.

É o indicador fiscal mais acompanhado pelos mercados, investidores e agências de rating para medir a sustentabilidade da dívida pública brasileira.

Interpretação

Níveis mais altos (% do PIB): indicam que o governo está mais endividado em relação à capacidade de geração de riqueza do país. Isso pode elevar a percepção de risco, aumentar os juros cobrados pelo mercado e pressionar o câmbio.

Níveis mais baixos (% do PIB): sugerem uma posição fiscal mais sólida, com menor risco de solvência e maior espaço para políticas anticíclicas (gastos em recessões, por exemplo).

Análise

A Dívida Bruta do Governo Geral (% do PIB) voltou a crescer em 2024–2025, alcançando 77,5% do PIB em julho de 2025. Esse movimento reflete uma combinação de fatores:

  • Déficit fiscal persistente: apesar do novo arcabouço fiscal, o setor público segue registrando déficits primários, sem gerar superávits consistentes para estabilizar a dívida.
  • Juros elevados: a Selic em patamar alto encarece o custo da rolagem, fazendo com que o pagamento de juros seja um dos principais motores do aumento da dívida.
  • PIB fraco: a economia cresce pouco em termos reais, e o PIB nominal perdeu o “alívio” da inflação elevada de 2021–2022, reduzindo a capacidade de diluir a dívida.
  • Pressão cambial: o real mais depreciado amplia a percepção de risco, e embora a maior parte da dívida seja interna, a instabilidade do câmbio impacta expectativas de sustentabilidade fiscal.

Comparação internacional

O nível de 77–78% do PIB coloca o Brasil em situação mais frágil do que a média de outros emergentes:

  • Chile, Peru e Colômbia: dívidas entre 30%–60% do PIB.
  • México e Indonésia: abaixo de 60% do PIB.
  • Brasil se aproxima de casos como África do Sul e Turquia, embora ainda distante de extremos como Argentina.

Conclusão

A trajetória atual é preocupante: o Brasil saiu de uma melhora pontual (2021–2022) para uma tendência ascendente. Com dívida em patamar elevado, juros altos e crescimento baixo, o país corre risco de entrar em um círculo vicioso: mais dívida → mais juros → maior risco → mais pressão sobre câmbio e inflação. Esse quadro reforça a sensibilidade do mercado às sinalizações de política fiscal e monetária e ajuda a explicar os prêmios elevados nos juros futuros e no risco Brasil.

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